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Arquitetos: Light Earth Designs
- Área: 650 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Johathan Gregson, Light Earth Designs, Paul Broadie
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Fabricantes: Pan Mixers South Africa, SKAT Consulting, Tensar Corporation
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto, levado a cabo por Light Earth Designs para Fundação do Estádio de Críquete de Ruanda, marca a transição do país para uma economia que busca o desenvolvimento. As técnicas construtivas estão baseadas em uma mão de obra local e intensiva que evita a importação e reduz as emissões de carbono, promovendo o desenvolvimento da economia local e seus trabalhadores. A principal envolvente do estádio, suas abóbodas, é uma adaptação das tradicionais abóbodas de origem mediterrânea (usando blocos de terra compactada) a um contexto sísmico moderado. Elas seguem a resolução natural das forças em direção ao solo, imitando a geometria parabólica de uma esfera que evoca também a apreciada topografia montanhosa de Ruanda. As abóbodas funcionam de acordo com a compressão, o que permite sua esbeltez através de camadas finas e leves de blocos de baixa resistência.
Os blocos de terra, de fina espessura (2cm), são produzidos in situ pela mão de obra local. São prensados hidraulicamente com uma pequena adição de cimento e não requerem cozimento. Posteriormente, são colocados em camadas sobre um esqueleto de madeira que chega a abarcar 16 cm de luz. Graças à pesquisa realizada na Universidade de Cambridge, agrega-se uma geo-malha entre as camadas para proporcionar proteção sísmica. As abóbodas são impermeabilizadas e cobertas com pedras de granito local, misturando-se assim com a paleta de cores adjacente, ao mesmo tempo em que proporcionam peso e estabilidade à estrutura. Dentro das abóbodas são inseridas mesas de concreto eficientes, simples e finas que acomodam os espaços mais fechados - as áreas de serviço, os vestiários, um escritório e um restaurante. Os pisos estão cobertos com peças cerâmicas locais de terracota. Os mezaninos abertos abrigam um bar e a sede do clube, desfrutando de maravilhosas vistas panorâmicas sobre o campo e sobre o vale posterior.
Os tijolos são utilizados para definir os espaços, criando frequentemente muros perfurados permitindo assim que a luz e a brisa sejam filtradas. Esses tijolos emitem um baixo nível de carbono e são cozidos em fornos de alta eficiência. Os pisos são feitos com peças de granito reciclado. A madeira compensada usada para as formas dos blocos é reutilizada para as bancadas, enquanto a madeira das guias das abóbodas é reutilizada para a carpintaria e para as portas, garantindo que o máximo de material de sucata seja destinado à produção primária. É utilizada ardósia local nos solos exteriores configurada para permitir que a água da chuva permeie e seja infiltrada no solo. Os muros de contenção estão compostos por blocos de granito local ou orifícios para fomentar a plantação.
O terreno escalonado cria um maravilhoso anfiteatro natural com excelentes vistas ao campo de jogos e ao vale posterior. Enquanto a linguagem do edifício fala de progressão e dinamismo através da extrema eficiência estrutural, os materiais falam do natural, do feito a mão e do humano. É um edifício feito por pessoas locais utilizando materiais locais. As imperfeições são celebradas, são humanas e belas. E quando elas são combinadas com texturas naturais, o edifício celebra esse maravilhoso lugar.
Originalmente publicado em Fevereiro 03, 2018